Filho de D. Pedro II e de Maria Sofia de Neubourg,
foi aclamado rei em 1707.
Quando inciou o reinado, estava-se em plena Guerra
da Sucessão de Espanha, que para Portugal significava o perigo da ligação
daquele país à grande potência continental que era a França. No entanto, a
subida ao trono austríaco do imperador Carlos III, pretendente ao trono
espanhol, facilitou a paz que foi assinada em Utreque, em 1714. Portugal viu
reconhecida a sua soberania sobre as terras amazónicas e, no ano seguinte, a
paz com a Espanha garantia‑nos a restituição da colónia do Sacramento.
Aprendeu D. João V com esta guerra a não dar um
apreço muito grande às questões europeias e à sinceridade dos acordos; daí em
diante permaneceu inalteravelmente fiel aos seus interesses atlânticos,
comerciais e políticos, reafirmando nesse sentido a aliança com a Inglaterra.
Em relação ao Brasil, que foi sem dúvida a sua principal preocupação, tratou D.
João V de canalizar para lá um considerável número de emigrantes, ampliou os
quadros administrativos, militares e técnicos, reformou os impostos e ampliou a
cultura do açúcar. Apesar disso, Portugal entra numa fase de dificuldades
económicas, devidas ao contrabando do ouro do Brasil e às
dificuldades do império do Oriente.
A este estado de coisas procura o rei responder com
o fomento industrial, mas outros problemas surgem, agora de carácter social:
insubordinação de nobres, quebras de discipliana conventual, conflitos de
trabalho, intensificação do ódio ao judeu. Por outro lado, o facto da máquina
administrativa e política do absolutismo não estar de maneira nenhuma preparada
para a complexidade crescente da vida da nação, só veio agravar as dificuldades
citadas.
Culturalmente, o reinado de D. João V tem aspectos
de muito interesse. O barroco manifesta-se na arquitectura, mobiliário, talha,
azulejo e ourivesaria, com grande riqueza. No campo filosófico surge Luís
António Verney com o Verdadeiro Método de Estudar e, no campo
literário, António José da Silva. É fundada a Real Academia Portuguesa de
História e a ópera italiana é introduzida em Portugal.
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