terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Sebastianismo em "Frei Luís de Sousa"

O mito do sebastianismo está espalhado por toda a obra. Logo no início, Madalena afirma a Telmo "..mas as tuas palavras misteriosas, as tuas alusões frequentes a esse desgraçado rei de D. Sebastião, que o seu mais desgraçado povo ainda quis acreditasse que morresse, por quem ainda espera em sua leal incredulidade ! "
No sebastianismo, como ele é representado no Frei Luís de Sousa, por Telmo e Maria, reside somente a crença em que o rei ao voltar conduzira a uma época mundial do direito e da grandeza, a qual será última no plano de salvação dos Homens. Sempre que alguém pergunta a D. João quem ele é, ele responde espontaneamente"ninguém", este ninguém significa que D. João de Portugal já não tinha Pátria, não tinha família, não tinha lugar na sociedade, não tinha o seu palácio, pois perdeu-o .

Elementos Simbólicos em "Frei Luís de Sousa"

Madalena era uma pessoa muito supersticiosa e por consequência qualquer coisa que ela achasse fora do normal ela considerava isso como um sinal, e todos os objectos tinham um simbolismo; 
-  Para Madalena o retrato de Manuel de Sousa e o seu palácio tinham um significado de presença e afirmação dele mesmo na sua mente; 
-  A sua destruíção pelo incêncio fez com que Madalena pressenti-se que iria perder Manuel de Sousa tal como perdeu o seu retrato e o seu palácio.

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Características do Drama Romântico em "Frei Luís de Sousa"

. Texto escrito em prosa;
. Não há um “mau da fita” que se mate ou mate alguém;
. Há conflitos psicológicos;
. Crítica aos preconceitos que vitimam inocentes;
. As personagens adquirem personalidades próprias para que se tornem símbolo dramático;
. O fundamento cristão aparece como recompensa ou castigo pelas acções praticadas;
. O facto de se tratar de um assunto nacional acarreta consigo o patriotismo;
. O messianismo/Sebastianismo;
. O comportamento emocional típico de personagens românticas;
. A religião como consolo;
. A morte de uma personagem em cena;
. Os Agouros, superstições, crenças, visões, sonhos são evidentes em Madalena, Telmo e Maria;
. O individualismo/hipertrofia do “eu” revelasse no confronto permanente entre os indivíduos e a sociedade;
. Culto da mulher – anjo na personagem Maria;
. Não respeita as unidades de tempo e de lugar;
. Preferências pelas horas sombrias;
. Liberdade versus destino: Ao escolher o amor, D. Madalena comete uma infracção à religião e costumes e o destino castiga essa acção;

Características da tragédia clássica "Frei Luís de Sousa"

Efeitos sobre o público:
      ·         Inspirar sentimentos de terror e piedade

Características gerais:
- Personagens de alta estirpe (social e moral ).
- Presença de um coro: conjunto de personagens que não intervêm directamente na acção e cuja função é comentar determinados momentos da acção à medida que esta se vai desenrolando.

 Lei das três unidades:
 ·         unidade de acção – a intriga deve ser simples, sem acções secundárias, de modo a evitar dispersão, aumentando assim a tensão dramática;
 ·         unidade de espaço – toda a acção deve desenrolar-se no mesmo espaço;
 ·         unidade de tempo – a duração da acção dramática nunca deve exceder as 24 horas.

Estrutura tripartida da acção:
·         Exposição – apresentação das personagens; esboçar do conflito ligado a um mistério na origem das personagens, mistério provocado pela força oculta do Destino o qual se revela através de indícios, que apontam para um desfecho trágico e para o desvendar do mistério inicial.
·         Progressão dramática – desenvolvimento do conflito que se encaminha para um clímax ( pathos – ponto culminante da acção trágica) em que se desvenda o mistério, ligado a uma relação de parentesco oculta 
( reconhecimento / anagnórise);
·         Desenlace / Catástrofe – o fim das personagens é sempre a morte (física, social ou afectiva).

Caracterização das personagens de "Frei Luis de Sousa"


Manuel de Sousa Coutinho  (personagem principal e plana)
         Nobre, cavaleiro de Malta
         Construído segundo os parâmetros do ideal da época clássica
         Racional
         Bom marido e pai terno
         Corajoso, audaz, decidido, patriota, nacionalista
         Valores: pátria, família e honra
         Excepções ao equilíbrio (momentos em que Manuel foge ao modelo clássico e tende para o romântico): cena do lenço de sangue/espectáculo excessivo do incêndio

       




 D. João de Portugal  (personagem principal, plana e central)
         Nobre (família dos Vimiosos)
         Cavaleiro
         Ama a pátria e o seu rei
         Imagem da pátria cativa
         Ligado à lenda de D. Sebastião
         Nunca assume a sua identidade
         Exemplo de paradoxo/contradição: personagem ausente mas que, no desenrolar da acção, está sempre presente.

        







Telmo Pais  (personagem secundária)
         Escudeiro e aio de Maria
         Tem dois amos: D. João e Maria
         Confidente de D. Madalena
         Chama viva do passado (alimenta os terrores de D. Madalena)
         Provoca a confidência das três personagens principais
         Considerado personagem modelada num momento: durante anos, Telmo rezou para que D. João regressasse mas quando este voltou quase que desejou que se fosse embora.

      






  Frei Jorge Coutinho (personagem secundária e plana)
         Irmão de Manuel de Sousa
         Ordem dos Dominicanos
         Amigo da família
         Confidente nas horas de angústia
         É quem presencia as fraquezas de Manuel de Sousa

·     


 
 D. Madalena de Vilhena  (personagem principal e plana)
         Nobre e culta
         Sentimental
         Complexo de culpa (nunca gostou de D. João, mas sim de D. Manuel)
         Torturada pelo remorso do passado
         Ligada à lenda dos amores infelizes de Inês de Castro
         Apaixonada, supersticiosa, pessimista, romântica (em termos de época), sensível, frágil

      






 D. Maria de Noronha  (personagem principal e plana)
         Nobre: sangue dos Vilhenas e dos Sousas
         Precocemente desenvolvida, física e psicologicamente
         Doente de tuberculose
         Poderosa intuição e dotada do dom da profecia
         Encarnação da Menina e Moça de Bernardim Ribeiro
         Modelo da mulher romântica: a mulher-anjo
         A única vítima inocente


Bibliografia de Almeida Garrett

Almeida Garrett escreveu obras de poesia, romance, ensaios e teatro entre as quais se destacam: O Retrato de Vénus (Poesia, 1821), O dia vinte e quatro de Agosto(Ensaio Político, 1821), Versos ao Corpo Académico (Poesia, 1821), Catão (Teatro, 1822), Camões (Poesia, 1825), D. Branca, ou a Conquista do Algarve (Poesia, 1826),Carta de Guia para Eleitores (Ensaio Político, 1826), Adozinda (Poesia, 1828), Lírica de João Mínimo (Poesia, 1829), Mérope (Teatro, 1841), Um Auto de Gil Vicente(Teatro, publicado apenas em 1841, em conjunto com Mérope), O Alfageme de Santarém (Teatro, 1842), Romanceiro e Cancioneiro Geral (Antologia de Literatura Tradicional, 1843), Miragaia (Antologia de Literatura Tradicional, 1844), Frei Luís de Sousa (Teatro, 1844), Flores sem Fruto (Poesia, 1845), Tio Simplício (Teatro, 1845),Falar Verdade a Mentir (Teatro, 1846), Filipa de Vilhena (Teatro, 1846), Viagens na Minha Terra (Romance, 1846), A Sobrinha do Marquês (Teatro, 1848), Romances Cavalheirescos Antigos (1851), Folhas Caídas (Poesia, 1853), Fábulas (Poesia, 1858) e Helena (Romance, 1871)

Biografia de Almeida Garrett

Almeida Garrett nasceu no Porto, no dia 4 de Fevereiro de 1799 e faleceu no dia 9 de Dezembro de 1854.
Cursou Direito em Coimbra e desempenhou vários cargos ao longo da sua vida. Desempenhou um papel activo na vida cultural do País. A ele se deve a criação de um teatro nacional e de uma escola de formação de artistas.
O romance tradicional A Bela Infanta está inserido no Romanceiro de Almeida Garrett resultado de uma recolha por si efectuada de lendas e tradições medievais.
Obras do escritor:
Algumas das suas obras mais conhecidas são:
Um Alfageme de Santarém
Frei Luís de Sousa
Flores sem Fruto
Viagens na Minha Terra
Folhas Caídas

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Modulo 7

Textos de teatro 1

Romantismo em Portugal
















 O Romantismo em Portugal surgiu no século XIX. Nas artes plásticas o Romantismo é normalmente encarado como um movimento oposto ao Neoclassicismo.

Principais obras de Almeida Garrett

- Camões (1825)
- Dona Branca (1826)
- Adozinda (1828)
- Catão (1828)
- Romanceiro (1843)
- Cancioneiro Geral (1843)
- Frei Luis de Sousa (1844)
- Flores sem Fruto (1844)
- D’o Arco de Santana (1845)
- Folhas Caídas (1853)








Biografia de Almeida Garrett


 João Batista da Silva Leitão de Almeida Garret, nasceu no Porto em 1799 e faleceu em Lisboa, em 1884. Foi morrar com a família nos Açores, fugindo das invasões napoleônicas; lá foi educado por um tio que era escritor árcade. Posteriormente, estudou direito em Coimbra. Exilou-se na Ingraterra em 1823, onde entrou em contato com os românticos ingleses, Walter Scott e Byron. Mudou-se para a França, onde publicou Camões em 1825. No ano seguinte regressou a Portugal e dedicou-se ao jornalismo político, mas teve de exilar-se denovo, regressando a seu país em 1832, durante o desembarque das tropas liberais que tomaram o Porto.Com a vitória dos liberais, ele passou a ocupar funções públicas, dentre elas, as atividades de restauração do teatro português. Foi deputado por várias vezes, chegando a ministro dos estrangeiros. Recebeu o título de visconde. A obra de Almeida Garret apresenta nítida convivêicia de estéticas: trabalhos arcádicos, como o Retrato de Vênus e a Lírica de João Mínimo, ao lado de trabalhos românticos, como Camões e D.Branca. O Romanceiro é o resultado da coleta de romances populares, que para Garret, representavam a autêntica literatura portuguesa. A coloqualização da linguagem poética é uma das grandes inovações de Garret, que em Flores sem fruto e Folhas Caídas, duas últimas obras, ele obteve grande simplicidade verbal, próxima da poesia popular.Almeida Garret produziu prosa de ficção, mas foi no teatro, onde logrou maior êxito. Frei Luís de Souza é considerada uma obra-prima do teatro romântico português..

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Vida e obra de Almeida garrett


 A cronologia da vida de Almeida Garrett :
1799 – Almeida Garrett nasce no Porto.
1809 – Parte para a ilha Terceira por causa das invasões francesas. Aí recebe de um tio, bispo de Angra do Heroísmo, uma educação religiosa e clássica.
1816 – Matricula-se no curso de Direito em Coimbra. Adere às ideias liberais e começa a escrever algumas peças de teatro.
1820 – Escreve a tragédia Catão, representada em Lisboa no ano seguinte.
1821 – Já formado, casa com Luísa Midosi e publica o Retrato de Vénus, que lhe valeu um processo judicial e um julgamento de que foi absolvido.
1823 – Com a Vila-Francada, exila-se em Inglaterra, onde contacta com a literatura romântica (Byron e Walter Scott).
1824 – Parte para o Havre, em França, como correspondente.
1825 – Publica em Paris Camões.
1826 – Publica ainda em Paris D. Branca.Regressa a Portugal após a outorga da Carta Constitucional, dedicando-se ao jornalismo político.
1828 – Exila-se de novo em Inglaterra devido à aclamação de D. Miguel.
1830 – Inicia a compilação do Romanceiro.
1832 – Integra-se no exército liberal de D. Pedro IV, desembarca no Mindelo e participa no cerco do Porto, escrevendo aí a primeira pare do Arco de Santana.
1834 – Após a guerra civil, Almeida Garrett é nomeado cônsul geral em Bruxelas. Estuda a língua e a literatura alemãs (Herder, Schiller e Goethe).
1836 – Regressa a Portugal e separa-se de Luísa Midosi, que em Bruxelas o teria traído. Passos Manuel encarrega-o de reorganizar o teatro nacional, nomeando-o inspector dos teatros.
1837 – Perde o cargo de inspector dos teatros por demissão de Passos Manuel. Apaixona-se por Adelaide Deville, que morrerá em 1841 e de quem terá uma filha, Maria Adelaide.
1838 – Publica Um Auto de Gil Vicente.
1841 – Publica O Alfageme de Santarém.
1842 – Costa Cabral instaura um governo de ditadura, contra o qual Garrett luta na oposição parlamentar.
1843 – Escreve o drama Frei Luís de Sousa que será publicado no ano seguinte. Começa também a escrever o romance Viagens na Minha Terra, que publica em folhetins na Revista Universal Lisbonense.
1845 – Publica o romance Arco de Santana e a colectânea de poemas Flores sem Fruto. Inicia-se a paixão por Rosa Montufar, a Viscondessa da Luz.
1846 – É publicado em dois volumes o romance Viagens na Minha Terra.
1850 – É representado no Teatro Nacional o drama Frei Luís de Sousa.
1851 – É nomeado ministro dos Negócios Estrangeiros e recebe o título de Visconde e Par do reino. Conclui a compilação do Romanceiro.
1853 – Publica Folhas Caídas, colectânea poética que causou escândalo na época.
1854 – Almeida Garrett morre a 9 de Dezembro em Lisboa