
Fernando Pessoa, que desejava ser um criador de mitos, apela ao mito
sebastianista, à vinda de um messias que viria cumprir Portugal. Assim, o
Encoberto (D. Sebastião) foi o escolhido para realizar o sonho do Quinto
Império. Esta tarefa só seria cumprida com muita determinação, loucura e sonho
que tão bem caracterizam D. Sebastião ("Louco, sim, louco, porque quis
grandeza", em “D. Sebastião, Rei de Portugal”).
Cada uma das partes da Mensagem começa com uma expressão latina, adequada à parte simbólica a que pertence. Fernando Pessoa inicia a obra com a expressão latina Benedictus Dominus Deus noster que dedit nobis signum ("Bendito o Senhor Nosso Deus que nos deu o sinal") que nos remete para o carácter simbólico e messiânico da Mensagem.

A 2ª parte - Mar Português - apresenta poesias inspiradas na ânsia do Desconhecido e no esforço heróico da luta com o Mar. É nesta parte que o poeta salienta a grandeza do sonho convertido em acção, unificando o acto humano e o Destino traçado por Deus. Surge à cabeça desta parte o poema "O Infante", para vincar a relação entre o poder de Deus na criação, o Homem como agente intermediário e a obra como resultado de toda esta relação lógica ("Deus quer, o homem sonha, a obra nasce"). Os outros poemas evocam as glórias e as tormentas passadas ao concretizar-se o sonho dos Descobrimentos.
A 3ª parte - O Encoberto - apresenta o actual Império moribundo, Portugal baço "a entristecer", pois "Tudo é incerto e derradeiro. / Tudo é disperso, nada é inteiro." (“Nevoeiro”). Face a esta constatação, o poeta considera que chegou a hora de despertarmos para a nossa missão: a constituição de um Quinto Império, um reino de liberdade de espírito e de redenção (“Ó Portugal, hoje és nevoeiro... / É a Hora! ", em "Nevoeiro"). A Mensagem termina com a expressão latina Valete Fratres ("Felicidades, irmãos"), um grito de felicidade e um apelo para que todos lutem por um novo Portugal.
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