quinta-feira, 22 de março de 2012

Parnasianismo

O parnasianismo é uma estética literária de caráter exclusivamente poético, que reagiu contra os abusos sentimentais dos românticos. A poesia parnasiana voltada para onde há o ideal da perfeição estética e a sublimação da "arte pela arte".
Alguns críticos chegaram a considerar o parnasianismo uma espécie de realismo na poesia. Tal aproximação é suspeita as duas correntes apresentam visões de mundo distintas. O autor realista percebe a crise da ‘síntese burguesa’, já não acredita em nenhum dos valores da classe dominante e a fustiga social e moralmente. Em compensação o autor parnasiano mantém uma soberba indiferença frente aos dramas do cotidiano, isolando-se na "torre de marfim", onde elabora teorias formalistas de acordo com a inconseqüência e o hedonismo das frações burguesas vitoriosas.

Texto Lírico

Estrutura:

Um texto lírico pode ser organizado de várias maneiras diferentes, mas, no geral, está organizado em estrofes, que são conjuntos de versos ("linhas"). Normalmente possui rima e todos os versos possuem o mesmo número de sílabas métricas, normalmente esta ligado á poesia.

Exemplo:
Canção do Exílio
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá;
As aves que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.

Nosso céu tem mais estrelas,
Nossas várzeas têm mais flores,
Nossos bosques têm mais vida,
Nossa vida mais amores.

Em cismar, sozinho, à noite,
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.

Minha terra tem primores,
Que tais não encontro eu cá;
Em cismar - sozinho, à noite -
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.

Não permita Deus que eu morra,
Sem que eu volte para lá;
Sem que desfrute os primores
Que não encontro por cá;
Sem qu'inda aviste as palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
 

quarta-feira, 21 de março de 2012

A vida de “Cesário Verde

1855: A 23 de Fevereiro, num prédio da Rua da Padaria (junto à Sé de Lisboa), nasce José Joaquim CESÁRIO VERDE, filho de Maria da Piedade dos Santos Verde e de José Anastácio Verde.
1857: Peste em Lisboa; a família Verde refugia-se na sua quinta de Linda-a-Pastora.
1865: Os Verde passam a morar na Rua do Salitre (Lisboa). Cesário conclui a instrução primária e começa a estudar inglês e francês.
1872: Cesário começa a trabalhar na loja de ferragens do pai, na Rua dos Fanqueiros. Com 19 anos, tuberculosa, morre Maria Julia, irmã de Cesário.
1873: Cesário matricula-se no Curso Superior de Letras, onde conhece e se torna grande amigo do escritor Silva Pinto. Publica os seus primeiros poemas no Diário de Notícias.
1874: Publica mais poemas no Diário de Notícias (Lisboa) e nos jornais do Porto Diário da Tarde e A Tribuna. Ramalho Ortigão crava-lhe uma Farpa a propósito do poema Esplêndida. Boémia revolucionária no “Martinho”.
1875: Cesário conhece e faz amizade com Macedo Papança (futuro conde de Monsaraz). Continua a publicar poemas no Mosaico (Coimbra), n’A Tribuna e n’O Porto. Começa a dirigir a loja da Rua dos Fanqueiros e a quinta de Linda-a-Pastora.
1876: Desenvolve negócios. Frequenta a casa de Papança, na Travessa da Assunção, onde se cruza com Guerra Junqueiro, Gomes Leal e João de Deus. Os Verde mudam-se para a Rua das Trinas.
1877: Volta a colaborar no Diário de Notícias. Queixa-se dos primeiros sintomas de tuberculose.
1878: Passa a viver em Linda-a-Pastora. Nos jornais publica Noitada, Manhãs Brumosas, Em Petiz.
1879: Publica Cristalizações no primeiro número da Revista de Coimbra. É atacado pela republicana Angelina Vidal n’A Tribuna do Povo e pelo monárquico Diário Ilustrado.
1880: Publica O Sentimento dum Ocidental no número do Jornal de Viagens (Porto) dedicado ao tricentenário de Camões. Os Verde exportam maçãs para Inglaterra, Alemanha e Brasil.
1881: Cesário participa no “Grupo do Leão” e convive com Abel Botelho, Alberto de Oliveira, Fialho de Almeida, Gualdino Gomes e com os pintores José Malhoa, Silva Porto, Columbano e Rafael Bordalo Pinheiro.
1882:  Morre, tuberculoso, Joaquim Tomás, irmão de Cesário.
1883: Cesário viaja para França, numa tentativa malograda de exportar vinhos portugueses.
1884: Publica Nós. Deixa de frequentar os meios literários. Activa negócios, produz, compra e exporta frutas. Recolhe-se a Linda-a-Pastora.
1885: Agrava-se o seu estado de saúde mas regressa a Lisboa e continua a trabalhar na loja da Rua dos Fanqueiros.
1886: Extremamente doente, instala-se em Caneças. Vai depois para casa de um amigo, no Lumiar (às portas de Lisboa), onde vem a morrer a 19 de Julho.
1887: Silva Pinto edita O Livro de Cesário Verde.
Fonte: Prof2000 e vidas lusofonas


quinta-feira, 15 de março de 2012

Caracterização das Personagens de "Os Maias"

Afonso da Maia

Caracterização Física
Afonso era baixo, maciço, de ombros quadrados e fortes. A sua cara larga, o nariz aquilino e a pele corada. O cabelo era branco, muito curto e a barba branca e comprida. Como dizia Carlos: "lembrava um varão esforçado das idas heróicas, um D. Duarte Meneses ou um Afonso de Albuquerque".

Caracterização Psicológica
Provavelmente o personagem mais simpático do romance e aquele que o autor mais valorizou. Não se lhe conhecem defeitos. É um homem de carácter culto e requintado nos gostos. Enquanto jovem adere aos ideais do Liberalismo e é obrigado, pelo seu pai, a sair de casa; instala-se em Inglaterra mas, falecido o pai, regressa a Lisboa para casar com Maria Eduarda Runa.                                  
Mais tarde, dedica a sua vida ao neto Carlos. Já velho passa o tempo em conversas com os amigos, lendo com o seu gato – Reverendo Bonifácio – aos pés, opinando sobre a necessidade de renovação do país. É generoso para com os amigos e os necessitados. Ama a natureza e o que é pobre e fraco. Tem altos e firmes princípios morais. Morre de uma apoplexia, quando descobre os amores incestuosos dos seus netos.
 

Pedro da Maia

Caracterização Física
Era pequenino, face oval de "um trigueiro cálido", olhos belos – "assemelhavam-no a um belo árabe". Valentia física.

Caracterização Psicológica
Pedro da Maia apresentava um temperamento nervoso, fraco e de grande instabilidade emocional. Tinha assiduamente crises de "melancolia negra que o traziam dias e dias, murcho, amarelo, com as olheiras fundas e já velho". Eça de Queirós dá grande importância à vinculação desta personagem ao ramo familiar dos Runa e à sua semelhança psicológica com estes. Pedro é vítima do meio baixo lisboeta e de uma educação retrograda. O seu único sentimento vivo e intenso fora a paixão pela mãe. Apesar da robustez física, é de uma enorme cobardia moral (como demonstra a reacção do suicídio face à fuga da mulher). Falha no casamento e falha como homem.
 

Carlos da Maia


Caracterização Física
Carlos era um belo e magnífico rapaz. Era alto, bem constituído, de ombros largos, olhos negros, pele branca, cabelos negros e ondulados. Tinha barba fina, castanha escura, pequena e aguçada no queixo. O bigode era arqueado aos cantos da boca. Como diz Eça, ele tinha uma fisionomia de "belo cavaleiro da Renascença".

Caracterização Psicológica
Carlos era culto, bem educado, de gostos requintados. Ao contrário do seu pai, é fruto de uma educação à Inglesa. É corajoso e frontal. Amigo do seu amigo e generoso. Destaca-se na sua personalidade o cosmopolitismo, a sensualidade, o gosto pelo luxo, e diletantismo (incapacidade de se fixar num projecto sério e de o concretizar). Todavia, apesar da educação, Carlos fracassou. Não foi devido a esta mas falhou, em parte, por causa do meio onde se instalou – uma sociedade parasita, ociosa, fútil e sem estímulos. Mas também devido a aspectos hereditários – a fraqueza e a cobardia do pai, o egoísmo, o futilidade e o espírito boémio da mãe. Eça quis personificar em Carlos a idade da sua juventude, a que fez a Questão Coimbrã e as Conferências do Casino e que acabou no grupo dos Vencidos da Vida, de que Carlos é um bom exemplo.
 

Maria Eduarda

 Caracterização Física

Maria Eduarda era uma bela mulher: alta, loira, bem feita, sensual mas delicada, "com um passo soberano de deusa", é "flor de uma civilização superior, faz relevo nesta multidão de mulheres miudinhas e morenas".  Era bastante simples na maneira de vestir, "divinamente bela, quase sempre de escuro, com um curto decote onde resplandecia o incomparável esplendor do seu colo"

Caracterização psicológica
Podemos verificar que, ao contrário das outras personagens femininas Maria Eduarda nunca é criticada, Eça manteve sempre esta personagem à distância, a fim de possibilitar o desenrolar de um desfecho dramático (esta personagem cumpre um papel de vítima passiva). Maria Eduarda é então delineada em poucos traços, o seu passado é quase desconhecido o que contribui para o aumento e encanto que a envolve. A sua caracterização é feita através do contraste entre si e as outras personagens femininas, mas e ao mesmo tempo, chega-nos através do ponto de vista de Carlos da Maia, para quem tudo o que viesse de Maria Eduarda era perfeito, "Maria Eduarda! Era a primeira vez que Carlos ouvia o nome dela; e pareceu-lhe perfeito, condizendo bem com a sua beleza serena."                                                                                                          Uma vez descoberta toda a verdade da sua origem, curiosamente, o seu comportamento mantém-se afastado da crítica de costumes (o seu papel na intriga amorosa está cumprido), e esta personagem afasta-se discretamente de "cena". 
 

Maria Monforte

Caracterização Física
É extremamente bela e sensual. Tinha os cabelos loiros, "a testa curta e clássica, o colo ebúrneo".

Caracterização Psicológica
É vítima da literatura romântica e daqui deriva o seu carácter pobre, excêntrico e excessivo. Costumavam chamar-lhe negreira porque o seu pai levara, noutros tempos, cargas de negros para o Brasil, Havana e Nova Orleães. Apaixonou-se por Pedro e casou com ele. Desse casamento nasceram dois filhos.                                                          Mais tarde foge com o napolitano, Tancredo, levando consigo a filha, Maria Eduarda, e abandonando o marido - Pedro da Maia - e o filho - Carlos Eduardo. Leviana e imoral, é, em parte, a culpada de todas as desgraças da família Maia. Fê-lo por amor, não por maldade. Morto Tancredo, num duelo, leva uma vida dissipada e morre quase na miséria. Deixa um cofre a um conhecido português - o democrata Sr. Guimarães - com documentos que poderiam identificar a filha a quem nunca revelou as origens.
 

João da Ega

Caracterização Física
Ega usava "um vidro entalado no olho", tinha "nariz adunco, pescoço esganiçado, punhos tísicos, pernas de cegonha". Era o autêntico retrato de Eça.

Caracterização Psicológica
João da Ega é a projecção literária de Eça de Queirós. É uma personagem contraditória. Por um lado, romântico e sentimental, por outro, progressista e crítico, sarcástico do Portugal Constitucional. Era o Mefistófeles de Celorico. Amigo íntimo de Carlos desde os tempos de Coimbra, onde se formara em Direito (muito lentamente). A mãe era uma rica viúva e beata que vivia ao pé de Celorico de Bastos, com a filha.                   Boémio, excêntrico, exagerado, caricatural, anarquista sem Deus e sem moral. É leal com os amigos. Sofre também de diletantismo, concebe grandes projectos literários que nunca chega a executar. Terminado o curso, vem viver para Lisboa e torna-se amigo inseparável de Carlos. Como Carlos, também ele teve a sua grande paixão - Raquel Cohen. Ega, um falhado, corrompido pela sociedade, encarna a figura defensora dos valores da escola realista por oposição à romântica. Na prática, revela-se em eterno romântico. Nos últimos capítulos ocupa um papel de grande relevo no desenrolar da intriga. É a ele que o Sr. Guimarães entrega o cofre. É juntamente com ele, que Carlos revela a verdade a Afonso. É ele que diz a verdade a Maria Eduarda e a acompanha quando esta parte para Paris definitivamente.
 



Conde de Gouvarinho

Caracterização Física
        Era ministro e par do Reino. Tinha um bigode encerado e uma pêra curta.

Caracterização Psicológica
        Era voltado para o passado. Tem lapsos de memória e revela uma enorme falta de cultura. Não compreende a ironia sarcástica de Ega. Representa a incompetência do poder político (principalmente dos altos cargos). Fala de um modo depreciativo das mulheres. Revelar-se-á, mais tarde, um bruto com a sua mulher.
 



Condessa de Gouvarinho

Caracterização Física
Cabelos crespos e ruivos, nariz petulante, olhos escuros e brilhantes, bem feita, pele clara, fina e doce; é casada com o conde de Gouvarinho e é filha de um comerciante inglês do Porto.

Caracterização Psicológica               
É imoral e sem escrúpulos. Traí o marido, com Carlos, sem qualquer tipo de remorsos. Questões de dinheiro e a mediocridade do conde fazem com que o casal se desentenda. Envolve-se com Carlos e revela-se apaixonada e impetuosa. Carlos deixa-a, acaba por perceber que ela é uma mulher sem qualquer interesse, demasiado fútil.
 

Dâmaso Salcede

Caracterização Física
Era baixo, gordo, "frisado como um noivo de província". Era sobrinho de Guimarães. A ele e ao tio se devem, respectivamente, o início e o fim dos amores de Carlos com Maria Eduarda.

Caracterização Psicológica
         Dâmaso é uma súmula de defeitos. Filho de um agiota, é presumido, cobarde e sem dignidade. É dele a carta anónima enviada a Castro Gomes, que revela o envolvimento de Maria Eduarda com Carlos. É dele também, a notícia contra Carlos n' A Corneta do Diabo. Mesquinho e convencido, provinciano e tacanho, tem uma única preocupação na vida o "chic a valer". Representa o novo riquismo e os vícios da Lisboa da segunda metade do séc. XIX. O seu carácter é tão baixo, que se retracta, a si próprio, como um bêbado, só para evitar bater-se em duelo com Carlos.    
 



Sr. Guimarães

Caracterização Física
        Usava largas barbas e um grande chapéu de abas à moda de 1830.

Caracterização Psicológica
Conheceu a mãe de Maria Eduarda, que lhe confiou um cofre contendo documentos que identificavam a filha. Guimarães é, portanto, o mensageiro da trágica verdade que destruirá a felicidade de Carlos e de Maria Eduarda.



Alencar

Caracterização Física
Tomás de Alencar era "muito alto, com uma face encaveirada, olhos encovados, e sob o nariz aquilino, longos, espessos, românticos bigodes grisalhos".

Caracterização Psicológica
Era calvo, em toda a sua pessoa "havia alguma coisa de antiquado, de artificial e de lúgubre". Simboliza o romantismo piegas. O paladino da moral. Era também o companheiro e amigo de Pedro da Maia. Eça serve-se desta personagens para construir discussões de escola, entre naturalistas e românticos, numa versão caricatural da Questão Coimbrã. Não tem defeitos e possui um coração grande e generoso. É o poeta do ultrarromantismo.
 

Cruges

Caracterização Física
"De grenha crespa que lhe ondulava até à gola do jaquetão", "olhinhos piscos" e nariz espetado.



Caracterização Psicológica
        Maestro e pianista patético, era amigo de Carlos e íntimo do Ramalhete. Era demasiado chegado à sua velha mãe. Segundo Eça, "um diabo adoidado, maestro, pianista com uma pontinha de génio". É desmotivado devido ao meio lisboeta - "Se eu fizesse uma boa ópera, quem é que ma representava".
 







Craft

        É uma personagem com pouca importância para o desenrolar da ação, mas que representa a formação britânica, o protótipo do que deve ser um homem. Defende a arte pela arte, a arte como idealização do que há de melhor na natureza. É culto e forte, de hábitos rígidos, "sentindo finamente, pensando com retidão". Inglês rico e boémio, colecionador de "bric-a-brac".

 



Eusebiozinho

Eusebiozinho representa a educação retrógrada portuguesa.    Também conhecido por Silveirinha, era o primogénito de uma das Silveiras - senhoras ricas e beatas. Amigo de infância de Carlos com quem brincava em Santa Olávia, levando pancada continuamente, e com quem contrastava na educação. Cresceu tísico, molengão, tristonho e corrupto. Casou-se, mas enviuvou cedo. Procurava, para se distrair, bordéis ou aventureiras de ocasião pagas à hora.
 

Biografia de “Eça de Queiroz”

Eça de Queiroz (1845-1900) foi um escritor português.
José Maria Eça de Queiroz, nasceu em 1845 na cidade de Póvoa de Varzim. Formou-se em Direito na Universidade de Coimbra, ligando-se a Antero de Quental e Teófilo de Braga, a chamada "Escola Coimbrã". Acabando o curso, exercera a advocacia em Lisboa, dirigira o jornal político "Distrito de Évora", em 1867, e , assistira à inauguração do canal de Suez em 1869, durante uma viagem ao Oriente.
Quando regressou para Portugal, decidiu ingressar no Corpo Diplomático, para o que lhe foi necessário exercer as funções de administrador de Conselheiro durante aproximadamente 6 meses. Sua passagem pela cidade de Leiria fica registrada em "O CRIME DO PADRE AMARO", obra saída a público em 1875 e considerada o seu primeiro livro importante sob o ponto de vista do expresso na sua conferência sobre o Realismo.
Após Leiria, é nomeado cônsul em Cuba, em 1874 e na Inglaterra, em 1878, e por fim, e Paris, onde vem a falecer em 1900. Necessitando de um instrumento verbal dúctil, viu-se obrigado a submeter a língua portuguesa a uma profunda mutação, tão profunda como nunca antes acontecera, criando assim sua obras em uma estética nova.
Principais Obras de Eça de Queiroz:
- O Crime do Padre Amaro;
- O Primo Basílio;
- O Mandarim;
- A Relíquia;
- Os Maias;
- A Cidade e as Serras.
 

quinta-feira, 1 de março de 2012

Educação de “Carlos da Maia”

A educação de Carlos da Maia contrasta em muitos aspectos. Basta, por exemplo, ver a fonte da sua educação. No caso de Carlos da Maia, educado por um senhor inglês, Brown, contrasta imediatamente com o tipo de educação de Eusébiozinho que fora educado de uma forma tradicional e portuguesa. Carlos da Maia, contactava com a natureza; " Deixava-o cair, correr, trepar às árvores, molhar-se, apanhar soleiras (...)" enquanto Eusébiozinho permanecia em casa: "Mas o menino molengão e tristonho, não se deslocava das saias da titi (...)". Carlos aprendia línguas vivas como o inglês e brincadeiras divertidas: " Mostrou-lhe o neto que palrava inglês com o Brown (...) O pequeno muito alto no ar, com as pernas retesadas contra a barra do trapézio, as mãos às cordas, descia sobre o terraço. Por seu lado,

Educaçao de “Pedro da Maia”

Filho de Afonso da Maia e de Maria Eduarda Runa e pai de Carlos da Maia e de Maria Eduarda, suicida-se após a sua esposa, Maria Monforte, ter fugido de casa com o napolitano (Tancredo) que acolheu em sua casa. Tem uma educação típicamente portuguesa, o que vai contra com as ideias de seu pai. Em Londres a sua mãe tenta dar-lhe a educação mais beatificada possivel (para o efeito, chama de Portugal o capelão do conde de Runa, o padre Vasques), e, por isso, torna-se um homem de aparência frágil e melancólico.
Era pequenino, face oval de "um trigueiro cálido", olhos belos – "assemelhavam-no a um belo árabe". Valentia física.
Pedro da Maia apresentava um temperamento nervoso, fraco e de grande instabilidade emocional. Tinha assiduamente crises de "melancolia negra que o traziam dias e dias mudo, murcho, amarelo, com as olheiras fundas e já velho". Eça de Queirós dá grande importância à vinculação desta personagem ao ramo familiar dos Runa e à sua semelhança psicológica com estes. Pedro é vítima do meio baixo lisboeta e de uma educação retrógrada. O seu único sentimento vivo e intenso fora a paixão pela mãe, até se apaixonar por Maria Monforte, paixão que lhe dá até força para contrariar o pai. Apesar da robustez física, é de uma enorme cobardia moral (como demonstra a reacção do suicídio face à fuga da sua mulher).